Podia começar por te falar do passado, do teu, do meu, do nosso, o único que importa... Mas nem sei por onde começar. Podia, talvez, dizer-te o que não disse... Mas todas as palavras que ficaram por dizer, tiveram o seu motivo, continuam sem querer ser ditas. Podia falar-te do reencontro, aquele que não há... Os caminhos cruzam-se e entrecruzam-se sem se encontrarem. Também te podia falar do tempo... Mas isso seria quase ofensivo entre nós. Contemplo o mar enquanto te escrevo, a nossa paixão, lembras-te? Eu lembro. Podia falar da saudade, a que deixei de sentir no regresso... Mas não a do mar. O que também não faz sentido. Porque te estou, então, a escrever? Não procuro um sentido, não procuro um sentimento. O mar avermelha, relembro a nossa praia. Tolice. Talvez. Foi aquele mar nosso, o que nos uniu que nos separou. A nossa praia. Afinal percebo que nada tenho para te dizer...