Plumas e lantejoulas

Só quando me sinto mais triste é que tenho mais vontade de escrever. Talvez porque não me sinto à vontade para falar com ninguém. Não gosto de expor as minhas fraquezas, as minhas falhas.
Gostava de conseguir ser melhor. Gostava de saber dar a outra face. Mas não consigo. Não guardo rancor,  mas guardo a mágoa. Não consigo esquecer o que me dizem, o que me fazem, quando é injusto. Quando não percebo.
O esforço para pôr de lado é em mim sobrehumano. De tal forma exige de mim, do meu corpo, que chego a ficar doente.
Esforço-me,  me vão, para que seja diferente. É mais um grau de exigência que sinto no estômago.
Contrariar-me não me traz nada de bom. Nunca trouxe. Mas eu insisto! Mais de 30 anos volvidos e continuo a fingir que não me conheço. Continuo a tentar mudar. Só me faço mal.
Olho ao espelho e não reconheço aquela sombra de mulher. Aquele farrapo que já soube ser um tecido fabuloso de qualidade e luz.
Penso que talvez seja fácil. O exterior está lá. Mas quem quero enganar... O interior quebrou? Vergou? Não sei. Sei que me exijo demais mas já não estou sozinha. Agora não posso reerguer-me como sempre soube... Teria demasiadas implicações.
Disfarço o melhor que sei e posso para o mundo exterior. Por vezes, isso basta-me.
Algo como plumas e lantejoulas para desviar a atenção destes olhos tristes, desta vontade cansada de querer mudar o mundo! De querer mudar a vida...
Amanhã será um dia melhor. Hoje talvez precise de mais umas lantejoulas.
O brilho há-de voltar.

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