Acordei sobressaltada com o barulho estranho, não era o despertador, não era ninguém à porta... Levantei-me... tentei ouvir de onde vinha o barulho, dirigi-me à janela... no meu varandim um pássaro cinzento debicava furiosamente na madeira da janela... Esse debicar foi o que me acordou. Abri a porta determinada a enxotá-lo, queria voltar a dormir. Mal a abro, o pássaro entra-me pelo quarto, pousa na minha cama. Pisquei várias vezes os olhos... belisquei-me... Na minha cama estava sentado um ser estranho, mas belo, tinha uma face serena, asas brancas, trajava de negro. Não podia ser... há coisas que não se vêem neste mundo... Mas ali estava. - Senta-te. Não fiques aí especada a olhar para mim. Quero conversar. Meia atordoada, obedeci. Sentei-me. Olhou-me como se tentasse ver alguma coisa que não se via e continuou. - Tenho-te ouvido todas as noites antes de adormeceres... Leio também o que escreves... - Tu o quê?! - Ouço o que pedes, leio o que escreves. Não repito. - E foi por isso que...