Amor adolescente (parte I)

Foi numa tarde de Sábado.
A primeira vez que vi o Pedro, tinha pouco mais de 12 anos. Foi amor instantâneo. Achei-o lindo.
Vinha com o meu primo e outro amigo. Eram um trio fantástico.
Os rapazes mais giros do bairro.
Eu era apenas uma criança. A menina, como eles me chamaram. Adoptaram-me a partir daquela tarde em que foram forçados a tomar conta de mim. O único obrigado foi o meu primo, os outros ficaram por solidariedade.
Comportaram-se quase como se eu não estivesse ali. Estivémos a jogar a tarde toda, mas eles falavam como se eu fosse invisível.
A partir daquela tarde começou a minha educação no universo masculino. Absorvia cada palavra e adorava o Pedro.
Tornei-me a mascote do trio fantástico. A cúmplice perfeita das partidas e algumas maldades. Daquelas que só os rapazes de 17 anos são capazes de fazer. Fui mãe, namorada, irmã, vezes sem conta por telefone. Sempre a pedido e com discurso ensaiado. Escrito, por vezes.
Eram incorrigíveis e cruéis nas apostas e nas coisas que me ensinaram a dizer. Através de mim causaram lágrimas e mágoas adolescentes.
Comigo eram perfeitos. Eu era a menina.
O tempo foi passando. As tardes de Sábado.
Eles cresciam e aperfeiçoavam os truques. Eu crescia e aprendia.
E sempre aceitei dizer o que me pediam. O que eu queria era estar perto do Pedro.
Passei a gostar de filmes de acção, de futebol, de skate, de motas... Todos os motivos eram bons para passar as tardes de Sábado, as tardes que eles se destinavam e me destinavam também.
Ensinaram-me a mentir convincentemente e a detectar mentiras e histórias feitas.
Eu era quase um deles, mas continuava a ser a menina.
E eu continuava a idolatrar o Pedro. Para mim as suas imperfeições eram perfeitas.
E o tempo foi passando.
As tardes de Sábado eram perfeitas.
Conhecia-os melhor que ninguém. Era a cúmplice. A amiga.
Do Pedro queria mais. Queria o meu amor adolescente...

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