Amor adolescente (parte II)

Cinco anos passaram a correr...
Mais uma tarde de Sábado na nossa muralha. Um Sol radiante.
Cheguei mais cedo. O Pedro também. O meu primo ia chegar atrasado. O outro amigo não ia aparecer.
A conversa começou naturalmente.
Eu já não era a menina.
Os olhos verdes demoraram-se em mim. Eu gostei e disse.
Ele reparou em mim.
O momento que desejei vezes sem fim desde aquela primeira tarde.
A partir daquela tarde, para ele já não era a mascote, a menina.
Foi destino chegada do meu amor adolescente.
As tardes de Sábado continuaram, mas eu tinha o meu amor adolescente correspondido.
Tudo o que tem princípio tem fim. O meu amor também teve. Naturalmente.
Foi um desejo realizado.
Aprendi a verdade, a minha verdade.
Os encontros acontecem. Não esperei, não presumi, vivi.
Bastava-me ser a mascote, a menina. Fazer parte daquelas tardes de Sábado fazia-me feliz. O Pedro soube isso. Nunca me fez promessas. Nunca me mentiu. E isso fez-me feliz.
Foi isso que eu aprendi. A não esperar, não presumir, não mentir, não fazer promessas, apenas viver.
O Pedro era uma rocha inabalável, de convicções, sentia o que sentia e não mudou pelos outros. Magoou pessoas, sem dúvida, as que esperaram dele uma entrega impossível. Magooei pessoas. As que esperaram o mesmo de mim.

O amor adolescente, o universo daquele trio moldou-me, criou-me à imagem deles. Hoje sou um deles.
O amigo ainda hoje, quando me encontra, o diz. Sabe como sou. Chama-me menina e diz que a culpa foi deles. Não, não foi.
Eu entreguei-me àquela educação. Fui aluna voluntária.
Tornei-me no que sou. Rocha.
Não esperem de mim mais do que aquilo que sou.

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