O primeiro encontro

A infância de Maria não foi das mais fáceis. “Órfã de pais vivos”. Foi a primeira coisa que a D. Alexandra lhe chamou, quando a funcionária dos Serviços Sociais a levou àquela porta de rés-do-chão. Lembra-se que gostou da entrada em arco, do largo onde poderia vir a andar de bicicleta e jogar à bola. Não gostou da cara que a D. Alexandra lhes fez quando abriu a porta.
- Quer gostes ou não, é comigo que vais ficar, já que os teus pais não te querem.
E aquilo foi o que mais lhe doeu. Engoliu em seco as lágrimas que queriam sair. Decidiu que não ia falar. Elas que decidissem o seu destino. Ela já estava habituada a só fazer o que lhe mandavam.
Não ouviu mais nada. Ficou sentada a olhar em redor. Depressa percebeu que aquela janela ainda era alta para saltar, teria que usar a porta. Aquele armário na parede da entrada tinha a sua futura cama. As portas albergariam no eco a sua roupa. Dois vestidos, três camisolas, duas saias, duas calças e um casaco. Sapatos, só tinha uns. Apercebeu-se que, só por um triz, não tinha mais nomes que coisas.

Comentários

musalia disse…
belissimo!
espero os próximos episódios:)

baci.
Sophia disse…
Grazie Moriana!
Acho que ainda há mais uns quantos, mas não sei até quando a Maria quererá ficar! ;)

Baci

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